quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Qual o impacto de SLOGAN's no desenvolvimento de um País?


Com a queda do muro de Berlim, o cenário mundial mudou radicalmente. Segundo Luís Fernando da Silva Pinto, “Até 1989, uma pessoa poderia até sobreviver bem sem pensar estrategicamente, porque o mundo era razoavelmente lento. Aí veio o turbilhão da globalização. Segundo Peter Drucker, as oportunidades e ameaças giram com grande velocidade nesse turbilhão”. Para enfrentar os desafios do século XXI, tornou-se indispensável a qualquer gestor, dominar e executar, pelo menos, os quatro desafios da estratégia:

• a identificação e a captura de oportunidades em sistemas altamente velozes;
• a sustentação de posições já conquistadas;
• a neutralização de ameaças – ou agressões – em conjunturas complexas;
• o equacionamento de crises endógenas ou exógenas.

Vamos conceituar estratégia como sendo:
• a execução de um conjunto de ações e providências para uma corporação, destinado a viabilizar o seu avanço da maneira mais segura possível, em um universo de incertezas, no futuro e no presente;
• e a mobilização e motivação dos colaboradores para atingirem objetivos estabelecidos previamente.

Podemos até conseguir executar algumas ações estratégicas, mas falta, no contexto brasileiro, um item fundamental: o objetivo ou norte estratégico. Ou seja, não temos a direção para onde ir. E isto foi e é nefasto para o crescimento do Brasil. Vamos fazer uma pequena recordação.

A última grande meta estratégica que tivemos, foi dada por JK, com seu slogan “Cinqüenta anos em cinco”, que levou o país a uma rápida industrialização, tendo como carro-chefe a indústria automobilística. Houve um forte crescimento econômico e os anos de seu governo são lembrados como “Anos Dourados”. Antes disso, sua administração estadual em Minas Gerais, tinha por slogan “Energia e Transporte”. Com esta meta foram construídas cinco usinas hidrelétricas e abertos, no estado de Minas Gerais, mais de três mil quilômetros de rodovias. Foram feitos memoráveis. Além disso, dentro da visão estratégica de JK, construímos Brasília e mudamos a capital para o centro do Brasil, cujo objetivo estratégico seria o de desenvolver e integrar o Brasil Central. Esta foi uma programação Neurolinguística, tão formidável, que nos propiciou o Milagre Econômico do início da Ditadura.

Durante os anos sessenta, convivemos ainda com o PNL deste slogan, até início dos anos 70.
Sucederam-se a este cenário, 30 anos de Ditadura, conhecidos como “Anos de Chumbo”, onde os sonhos e esperanças foram enterrados. Sem uma perspectiva de futuro, nem um objetivo a longo prazo, habituamo-nos a olhar apenas para o agora e extrair dele o máximo. Tínhamos um slogan de nação bastante sugestivo: “BRASIL: AME-O OU DEIXE-O”, ou seja, conforme-se e submeta-se à ditadura ou abandone este país, por que você não é bem vindo. Este slogan perdurou durante os anos 80, denominados como a década perdida, pois, economicamente, foi um período que nada crescemos e nada fizemos. Não tínhamos objetivos. O slogan dos militares tinha, como meta, a conformidade e a submissão do povo brasileiro. Neutralizar o inimigo e manter as posições conquistadas, era o objetivo estratégico dos Militares. NÓS – O POVO BRASILEIRO - ÉRAMOS O INIMIGO E MANTER A POSIÇÃO CONQUISTADA ERA PERMANECER NO PODER. Na música ufanista Prá frente Brasil, só tínhamos a permissão para ir para frente – “do nada”, dar as mãos e salvar a Seleção, tudo ligado na mesma emoção. E foi o que fizemos: transformamo-nos no país do carnaval e do futebol. Este slogan realmente não nos permitiu construir o país.

Outro subproduto da inflação e da política da ditadura foi o conceito de levar vantagem em tudo, que nos anos 70 cristalizou-se como “LEI DO GERSON”. A necessidade de levar vantagem só existe porque não existia a visão de futuro, somente do agora. Levar vantagem era a saída psicológica para não afundarmos no desespero de quem não tem visão. Temos que levar vantagem no agora, pois o futuro, este a Deus e somente a Deus, pertence. A nossa meta era única: sobreviver à inflação galopante que comia nosso salário, nosso planejamento e o nosso futuro e nos fazia olhar, cada dia mais, para o nosso umbigo. Ciscávamos como galinhas em um terreiro, sem possibilidade de ir a qualquer lugar. Este foi um PNL devastador.

Depois de perdemos a década de 80, entramos nos anos 90, totalmente desestruturados estrategicamente. Acatamos, sem reagir, o plano econômico Collor, que bloqueou nosso dinheiro e confiscou nossa poupança. Nossa apatia era realmente impressionante. A meta não dita, mas desejada por todos era acabar com a inflação. Mas para onde iríamos como nação? Para lugar algum. Só tínhamos um objetivo imediato – acabar com a inflação – e nada mais.

Hoje, temos um slogan,“BRASIL, UM PAÍS DE TODOS”, mas ele não nos fará avançar estrategicamente, como país, no contexto mundial. Ele poderá nos proporcionar uma maior igualdade social (isto já está ocorrendo), mas não nos fará crescer continuadamente. Será um vôo de galinha.

Por diversos fatores, com longos anos de inflação, 30 anos de ditadura e slogans institucionais infelizes nos conduziram a uma fragilidade estratégica continuada. Em parte por infelizes PNL’s bem aplicados e por outro lado, por miopia de nossos governantes. Com esse slogan, o governo Lula, após muitos anos, trouxe de volta uma esperança para o povo brasileiro. Hipoteticamente há um planejamento ambicioso para a área externa e expansionista. Entretanto, até o momento esta pretensão não foi expressa em objetivos e palavras.

Os nossos governantes ainda não perceberam de quão estratégico é um slogan: como ele modela os corações e mentes de um povo; como isto poderia ser estrategicamente usado para promover o crescimento e o progresso de um país. Somos duramente criticados porque nunca conseguimos alcançar nossas metas na educação, saúde, emprego, moradia. Entra governo e sai governo essas atividades continuam no mesmo patamar - nada muda. No desenvolvimento desta artigo percebi que nada muda, por que não temos um objetivo ou um sonho maior. Se houvesse, as pessoas iriam se reestruturar e se aplicar mais, para alcançar o objetivo do país. Um slogan tem a força da missão de um povo ou organização. Ele cristaliza a visão de futuro, que todos querem realizar e conduz a um crescimento continuado. Ele deve cumprir a função de dar a todos, o norte estratégico, a VISÃO DE FUTURO, onde todos querem chegar. A meu ver, um SLOGAN, como viés de missão ou sonho, é um PNL estrategicamente poderoso.

Em 1961 John Kennedy, percebendo que estava perdendo a Guerra Fria para a URSS e a necessidade de manter a competência científica e tecnológica americana, propôs um desafio audacioso:
"Eu acredito que a nação deva se comprometer para alcançar o objetivo, antes do fim da década, de aterrissar o homem na lua e fazê-lo voltar, em segurança, para a Terra." Quando ele fez isto ele uniu a nação em um único objetivo (Wikipedia - a Enciclopédia livre). A instrumentalização - conhecimento, educação e tecnologia necessários para se alcançar o sonho, ocorre depois, não antes. Sem um sonho a ser alcançado, não há por quê se preparar.

No horizonte das possibilidades, cabe aos lideres das organizações e nações darem uma visão de futuro para o seu povo. Quando isto não é feito, décadas de progresso são perdidas e as organizações e nações correm o risco de ficarem estagnadas e perderem seus mercados e posições conquistadas. A própria história do Brasil comprova isto. Este sem dúvida, não é o único passo, mas é uma passo que faz toada a diferença.

"Portanto, toda estratégia deve começar com a definição de sua VISÃO, ou seja, começa com a visão do sonho que deseja conquistar"